Kamala Harris, candidata democrata à Presidência dos EUA, escolheu Tim Walz como seu companheiro de chapa. O anúncio oficial deve ser feito hoje.
Tim Walz, 60, está em seu segundo mandato como governador de Minnesota. Uma equipe do Partido Democrata está de prontidão perto da mansão de Walz para acompanhá-lo até a Filadélfia, onde ele deve participar de seu primeiro comício com Kamala, informou a CNN.
Ele se tornou um dos nomes favoritos de Kamala após viralizar dizendo que Donald Trump e JD Vance, que concorrem pelo partido republicano, “são simplesmente estranhos”. O ataque virou uma arma para a campanha de Kamala. Em vez de fomentar o embate moral proposto pelos republicanos, a estratégia democrata é de transformar em piadas o que dizem Trump e JD Vance.
Walz é visto como um homem comum, estável e pé no chão. Nas redes, americanos falam do seu jeito “despreocupado” do Meio-Oeste americano.
Democrata pode atrair eleitores moderados e do centro-oeste rural, servindo de contraponto a JD Vance, candidato a vice na chapa de Donald Trump. Ele também marca objetivos da política liberal, como a legalização da cannabis e o aumento das garantias aos trabalhadores.
Além de Walz, foram especulados: Josh Shapiro, governador da Pensilvânia; Roy Cooper, governador da Carolina do Norte; Mark Kelly, senador pelo Arizona; Andy Beshear, governador de Kentucky; JB Pritzker, governador de Illinois; Pete Buttigieg, secretário de Transportes; Gavin Newsom, governador da Califórnia; Gretchen Whitmer, governadora de Michigan; Wes Moore, governador de Maryland; e Raphael Warnock, senador pela Geórgia.
Votos da classe média
Vice pode relacionar Kamala com eleitor que ela não tem, avalia Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM. “Eles estão procurando um equilíbrio de gênero na chapa com um homem branco, que faça a ponte com o eleitor que Kamala não tem: a pessoa do subúrbio, classe média, independentes, republicanos moderados que não estão satisfeitos com Donald Trump. O vice pode quebrar a resistência ao nome dela”, observou, em entrevista ao UOL antes do anúncio.
“A Kamala não ganha sem a Pensilvânia, considerando que Trump está muito bem nas pesquisas em vários outros estados-chave”, afirmou Denilde, especialista em EUA. Desde 2008, todos os candidatos presidenciais que ganharam na Pensilvânia venceram as eleições.
Eleitorado negro
Recentes pesquisas eleitorais apontavam para um desgaste entre o eleitorado negro e o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pleiteava a reeleição. No entanto, esse aspecto se transformou após desistência de Biden e a possibilidade de Kamala Harris, sua então vice, concorrer.
Biden estava perdendo gradativamente o apoio da parcela negra dos eleitores. Em uma pesquisa de maio, da Pew Research, o atual presidente dos EUA contava com 77% do apoio do eleitorado negro. Em 2020, 92% dos negros votaram no democrata.
Com Kamala no páreo, o cenário se transforma, segundo especialista. De acordo com Amâncio Nunes de Oliveira, doutor em Ciência Política e professor do curso de Relações Internacionais da USP, caso Kamala se confirme como candidata democrata, haverá uma injeção de ânimo entre a maioria dos eleitores negros.
Kamala tem dois terços da intenção do eleitorado negro, aponta pesquisa. Em pesquisa recente do Instituto Angus Reid com um pequeno recorte 226 eleitores negros, divulgada no dia 29 de julho, a vice-presidente aparece como predileta para a maioria absoluta dos pesquisados. Apesar disso, 17% do grupo ainda não tem certeza se vai votar – o voto não é obrigatório no país. Outros 12% preferem Trump.
Fonte: UOL Internacional
Foto: Nathan Howard/Reuters
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