A campanha do candidato republicano para a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, lançará uma ação publicitária de 10 milhões de dólares em seis estados-chave nesta semana, na tentativa de conter o aumento do entusiasmo dos eleitores e das doações para sua rival democrata, Kamala Harris.

É a maior compra de anúncios de Trump desde janeiro, quando ele estava lutando contra rivais republicanos pela nomeação do partido. A campanha de Trump não respondeu aos pedidos de comentário, mas a iniciativa surge no momento em que a candidatura de Kamala alterou a corrida.

Desde que o presidente Joe Biden desistiu da candidatura na semana passada e apoiou Kamala, ela consolidou rapidamente o apoio dentro do Partido Democrata e de grandes doadores de dinheiro. Ela também trouxe nova energia para grupos como os de eleitores jovens que Biden estava lutando para conquistar.

Após meses de ataques à aptidão de Biden para o cargo, a campanha de Trump teve que se adaptar para encontrar uma nova mensagem para usar contra a mais jovem e dinâmica Kamala, 59, a menos de 100 dias da eleição de 5 de novembro.

Na segunda-feira, Trump, 78, lançou um anúncio em sua plataforma Truth Social usando as próprias palavras de Kamala, tiradas de entrevistas antigas, eventos de campanha e debates, para tentar retratá-la como uma liberal extrema, desconectada dos americanos comuns, principalmente do Centurão da Ferrugem, que reúne estados-chave para a disputa eleitoral.

Em resposta, Kamala acusou a campanha de Trump de mentir sobre seu histórico.

“A vice-presidente Harris tem sido uma líder fundamental no trabalho conjunto para aprovar a agenda histórica e popular do governo Biden-Harris”, disse a porta-voz de Kamala, Sarafina Chitika.

Desde que surgiu como candidata de seu partido, Kamala se concentrou nas condenações criminais de Trump em um julgamento por suborno em Nova York e em outras acusações que ele enfrenta. Kamala retratou Trump como responsável por uma onda de medidas antiaborto em estados liderados pelos republicanos em todo o país.

Um super PAC que apoia Trump, o MAGA Inc., deu início a uma campanha publicitária paralela quando disse na semana passada que gastaria 32 milhões de dólares em três estados com novos anúncios criticando Kamala. Um super PAC é um comitê de ação política que recebe doações, mas atua de forma independente dos comitês oficiais de campanha.

Diferentemente das campanhas presidenciais, não há limites para doações a super PACs, o que significa que eles geralmente têm mais dinheiro para gastar.

O Future Forward, um super PAC democrata, disse que está lançando uma iniciativa de 50 milhões de dólares para apoiar Kamala no Arizona, na Geórgia, no Michigan, em Nevada, na Pensilvânia e em Wisconsin — os seis estados vistos como cruciais para decidir a eleição, porque suas preferências de voto podem variar para qualquer lado.

A campanha de Kamala disse no domingo que arrecadou 200 milhões de dólares em novos fundos de campanha na semana passada.

Embora Kamala seja bem conhecida, suas posições políticas não são.

“Ela tem uma segunda chance de causar uma primeira impressão”, disse o pesquisador Evan Roth Smith, da empresa de pesquisas democrata Blueprint.

Mas o perigo para Kamala está em saber se a campanha de Trump conseguirá defini-la na mente dos eleitores antes que sua campanha chegue ao ar, disse ele.

Brian Schimming, presidente do Partido Republicano de Wisconsin, disse que os republicanos estão se mobilizando para fazer exatamente isso.

“Trata-se de deixar as pessoas saberem que se você não gostou de Joe Biden, você realmente não vai gostar de Kamala Harris”, disse.

(Reportagem de James Oliphant e Tim Reid; reportagem adicional de Alexandra Ulmer)

 

Fonte: Reuters/UOL Internacional
Foto: Tom Brenner/Evelyn Hockstein/Reuters