Mesmo sem os dados fechados do mês de junho, análises realizadas pelo Dieese-PA mostram que o Estado vem mantendo, neste 1º semestre do ano, uma sequência de resultados positivos no comparativo entre admitidos e desligados, com cinco meses consecutivos de crescimento na geração de empregos formais.

No 2º semestre de 2023 houve a contratação de cerca de 260 mil trabalhadores, totalizando, no ano todo, cerca de 450 mil admissões. “Portanto, confirmando essa movimentação de eventos econômicos previstos para este 2º semestre, tendo ainda este ano como grande adicional as ações e investimentos da COP 30, é possível estimar que, deveremos ultrapassar as 260 mil admissões já registradas no mesmo período do ano passado”, contabiliza Éverson Costa, supervisor técnico do Dieese-PA.

As análises mostram ainda que o volume de contratações formais registradas no Pará tem se mantido sempre acima dos números comparados com o ano passado. “De janeiro a maio deste ano, além das contrações estarem acima do que ocorreu no mesmo período de 2023, a média de admissões gira em torno de 40.700 vagas mês, sendo que no balanço geral temos mais de 203 mil admitidos até aqui em todo o Pará, cerca de 9% a mais que no total geral de 2023 (186 mil)”, afirma Éverson.

 

Os setores da indústria, serviços e comércio, os que mais geram empregos no Estado do Pará vão continuar aquecidos do segundo semestre e a projeção que fechem o ano de 2024 mantendo os números positivos na geração formal de postos.

Pelos dados do Observatório da Indústria, a mais nova área corporativa da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), o saldo positivo na movimentação de empregos formais realizadas de janeiro a maio deste ano, foi de 5.257 postos, um crescimento de cerca de 175% em comparação aos quatro primeiros meses do ano passado, um crescimento significativo na empregabilidade.

O resultado se deve, principalmente, pelas admissões nos macros setores da construção civil e da indústria de transformação, com destaque para as cadeias produtivas da madeira, de alimentos e de reparo e manutenção de máquinas e equipamentos. Somente a construção civil contribuiu com um saldo positivo superior a 3.000 dos 5.257 apresentados no período, demonstrando o forte aquecimento do setor em 2024.

“Se ampliarmos a análise do primeiro quadrimestre para os últimos quatro anos, é o maior saldo positivo de movimentação de empregos formais na indústria do Estado, no período. O resultado foi bem superior ao do mesmo período de 2021, por exemplo, que nesse recorte, até então, havia registrado o melhor saldo, com 3.315 postos”, explica Felipe Freitas, o gerente do Observatório da Indústria.

Fabrizio Gonçalves, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA) explica que o crescimento das contratações no setor vai além das obras que estão surgindo com a realização da COP 30, em Belém, em 2025. “Observamos um fortalecimento no mercado imobiliário, impulsionado pelos investimentos decorrentes da COP 30. Além disso, o programa governamental Minha Casa Minha Vida tem mostrado expansão significativa no Pará, onde conseguimos dobrar a meta de contratações devido a esses empreendimentos. O pico dessas contratações está previsto para o próximo mês de agosto, com uma meta ambiciosa da construção de quase 13 mil novos empreendimentos do programa habitacional”, destaca.

O presidente da Associação das Indústrias de Madeira do Estado do Pará (AIMEX) e do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIEPA, Deryck Martins, explica que o crescimento da cadeia produtiva da madeira tem uma conexão direta com o aumento global de demandas relacionadas à sustentabilidade. “Como a madeira traz uma pegada de carbono positiva, se comparada a outros materiais, há uma maior adoção pela construção civil, por exemplo. Além disso, a madeira vem lentamente recuperando mercados, em relação ao ano passado, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos”, destaca.

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Na avaliação por municípios do Pará no primeiro quadrimestre de 2024, o destaque vai para Santana do Araguaia, que acumula um saldo positivo de 1.041 postos, suportados principalmente pelo setor de serviços. Na análise específica de atividades industriais, Parauapebas e Canaã dos Carajás seguem como os grandes vetores de empregabilidade, especialmente em função das operações de mineração nos respectivos municípios.

“Os números refletem saldo positivo na geração de empregos no segmento industrial em alguns municípios e isto é digno de reconhecimento, sob o aspecto positivo. Porém, analisando mais abrangentemente a série histórica, para que houvesse a redução das desigualdades sociais no nosso Estado, seria importante que outros municípios performassem muito melhor. Caso, por exemplo, daqueles localizados no Marajó, onde encontramos os piores IDH’s do país e que ainda não possuem perspectivas a curto prazo de que haja atração de investimentos em indústrias que tragam consigo a geração de empregos e de renda capazes de transformar essa difícil realidade”, avalia o presidente do Sistema FIEPA, Alex Carvalho.

Ele destaca ainda a importância de chegarem novos investimentos no Estado. “Já se percebem os impactos positivos através dos investimentos relacionados à COP 30, que começam a chegar, mas ansiamos por outros, como as obras do novo PAC – entre elas o derrocamento do Pedral do Lourenço e a Ferrogrão – e, principalmente, a exploração de óleo e gás no território paraense. De certo geraremos mais empregos através dessas obras de implantação que, quando concluídas, aumentarão definitivamente a competitividade do Estado do Pará”, afirma o presidente.

Indústria deve gerar mais de 18 mil postos de trabalho

A projeção realizada pelo Observatório da Indústria da FIEPA estima que até dezembro deste ano, a média mensal de saldo de empregos na construção civil seja de 1.051 postos. A indústria de transformação, por sua vez, também deve continuar apresentando impacto positivo no saldo de empregos, com uma média estimada de 508 empregos por mês durante o período projetado (maio a dezembro de 2024).

Por essa estimativa a projeção é que a construção civil, a indústria da transformação e a indústria extrativa, principais agrupamentos industriais no Estado, fechem o ano com a geração de 18,5 mil novos postos de trabalho no total, com a criação de 11,5 mil, 6 mil e 1 mil empregos de saldo acumulado em cada uma dessas áreas, respectivamente.

“Entretanto ressaltamos que o cenário econômico e a grande volatilidade dos dados em função da própria natureza e conceituação do saldo de empregos, podem provocar oscilações nas contratações e demissões, gerando alteração na projeção, para mais ou para menos”, diz Freitas.

O observatório cita ainda as oscilações negativas projetadas para os dois últimos meses do ano, já que, tradicionalmente, o final do ano coincide com o término de muitos projetos de construção e com um período em que as empresas fazem balanços e planejamentos para o ano seguinte, o que, em alguns casos, pode levar a uma redução temporária na demanda por mão de obra. Além disso, as condições climáticas adversas, como aumento da incidência de chuvas no período, também podem afetar o ritmo de trabalho e contribuir para essa tendência.

Férias, Círio e 13º devem impulsionar comércio

Tomando como base os dados conhecidos até aqui, a expectativa para o 2º semestre deste ano também é da continuidade da geração de novas oportunidades formais nos setores de serviços e comércio.

“Esperamos que a economia paraense aqueça ainda mais no segundo semestre, destacando importantes eventos que injetam investimentos e recursos, iniciando pelas férias de julho que movimentam o turismo; o Círio de Nazaré; pagamentos do 13º de salários de servidores e demais trabalhadores, assim como todos os preparativos, estrutura e equipamentos que serão entregues no Pará por conta da COP30”, ressalta Éverson Costa, supervisor técnico do Dieese-PA.

Outro ponto que reforça um bom resultado esperado para o 2º semestre deste ano é o fato do Pará já ter superado em mais 9% o volume de admissões registradas no Estado no período de janeiro a maio deste ano quando comparado ao mesmo período do ano passado.

“É sempre bom reforçar que uma boa e ampla empregabilidade depende também do fortalecimento e qualificação da mão de obra disponível, tendo em vista que isso além de melhorar o perfil de contratações, também pode resultar em postos de trabalhos com melhores remunerações”, observa Costa.