“A sensação, hoje, é de que nós não estamos esquecidas. Ser acolhida, como fomos com essa ação, é muito importante para todas nós. É tão bom saber que, mesmo que eu tenha errado, ainda existem pessoas que se importam comigo e acreditam na minha mudança. E é isso que me fortalece”. As palavras da custodiada M.J. expressam sua gratidão à iniciativa da Secretaria de Estado das Mulheres (Semu) destinada a internas da Unidade de Custódia e Reinserção Social de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém.

 

A programação levou à unidade vários serviços, como atendimento médico, corte de cabelo, emissão de documento, acolhimento e conscientização, por meio de palestras sobre construção de uma autoestima positiva, desenvolvimento de atitude resiliente e incentivo à autonomia econômica. “Há mais de dois anos eu estava sem identidade, e hoje consegui emitir o meu RG. Esse documento é fundamental na garantia dos meus direitos. Achei tudo muito maravilhoso hoje”, disse M.J., após receber o documento.

 

 

 

“Sala da beleza” – Recuperar a autoestima é importante para as custodiadas enfrentarem a rotina do regime fechado. Essa constatação levou a cabeleireira Marli Barbosa a se tornar voluntária no esforço de melhorar a autoestima de cada mulher que passou pela “sala da beleza”, em busca de um novo corte de cabelo.

 

“Essa é a primeira vez que trabalho como voluntária. Nós, como mulheres, sabemos a importância de um corte de cabelo, ou até mesmo de limpar as sobrancelhas. Faz uma diferença muito grande na nossa autoestima. Saber que eu posso contribuir para melhorar a vida delas um pouquinho me deixa muito emocionada”, disse Marli Barbosa.

 

Longe de casa há 10 anos, a custodiada C.M. entende que essa programação contribui para a melhoria da convivência entre elas, além de fortalecer emocionalmente as mulheres. “Esse tipo de ação vem para atender às nossas necessidades. Nós precisamos sempre falar e conversar com outras pessoas; precisamos desse apoio. Espero que isso sirva de incentivo para que outros órgãos também se prontifiquem a cuidar da população carcerária”, reforçou a interna.

 

Segundo Natasha Ferraz, psicóloga da Semu, “elas também perceberam o espaço da roda de conversa, por exemplo, como a oportunidade para a reflexão sobre o processo de ressignificação das experiências dentro do cárcere, visando ao planejamento a médio e longo prazo de seus projetos de vida”.

 

Convenção de Belém – A programação encerrou o ciclo de 14 eventos articulados pela Semu, com o objetivo de celebrar os 30 anos da Convenção de Belém do Pará, celebrado no último dia 09 de junho. Por intermédio da Câmara Técnica Interinstitucional de Gestão de Políticas para Mulheres da Semu, foram articuladas parcerias com as secretarias de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e de Saúde Pública (Sespa), Defensoria Pública, do curso de direito da Universidade da Amazônia (Unama) e grupos de voluntárias, o que garantiu 395 atendimentos.

 

“A ação realizada pela Semu tem significado e representação social. O cárcere marca a ruptura das relações sociais, fragiliza laços familiares, obriga ao distanciamento dos filhos, potencializa o medo, a ansiedade e a rejeição. Assim, Secretaria reconhece a importância de aumentar as oportunidades de inclusão social de mulheres em situação de cárcere”, ressaltou Clarice Leonel, diretora de Políticas para Mulheres da Semu.

Fonte: REDEPARÁ
Foto: Mila Amaral