Trabalhando para reduzir, cada vez mais, a desigualdade entre gêneros no Pará, o Governo do Estado fortalece a ocupação de mulheres em cargos de chefia. E, os setores de engenharia, que antes eram ocupados majoritariamente por homens, vêm mudando a sua configuração, registrando uma maior incidência de mulheres na direção, coordenação e outros cargos de gestão nos órgãos estaduais.
Na semana em que é celebrado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), destaca que atualmente conta com cerca de 30 engenheiras, entre civis e sanitaristas, na capital e no interior do Estado. Destas, quatro ocupam cargos de chefia, como a coordenadora da Unidade de Gestão COP 30 da Seop, a engenheira civil Aurilene Gouvêa, especialista em gestão de projetos, obras e orçamento público.
“Preconceito, diferença salarial, assédios e desafios sobre a vida profissional e pessoal são, infelizmente, algumas das dificuldades que mulheres ainda hoje enfrentam. Contudo, se compararmos com anos atrás, o mercado de trabalho evoluiu, pois já encontramos mulheres na área da engenharia que atuam não apenas em áreas administrativas, mas em atividades no canteiro de obras. Tal panorama foi possível com a evolução da tecnologia e da mentalidade da sociedade, que passou a enxergar as mulheres cada vez mais qualificadas e se destacando em sua capacidade de coordenar e organizar atividades das construtoras e órgãos públicos”, destaca a engenheira.
Já o Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) conta em seu quadro de funcionários com 10 engenheiras entre civis e de produção, incluindo a diretora-geral do NGTM, engenheira civil Leila Martins. A engenheira civil Emanuele Gaia, fiscal técnica titular nas obras dos viadutos da Região Metropolitana de Belém (RMB) e no terminal de Marituba, obras que fazem parte do projeto do BRT Metropolitano, celebra a presença de mulheres no setor.
“Atuar numa área ocupada majoritariamente por homens, que é a área da engenharia civil, é bem desafiador, pois você precisa se impor, precisa ter domínio e se fazer respeitar. Eu, por exemplo, comando equipes com mais de 200 pessoas. Não é fácil, mas é bem gratificante os resultados obtidos e alcançados a cada etapa que conseguimos concluir. A importância de as mulheres estarem ocupando seu espaço no mercado de trabalho a cada dia mostra que também somos capazes de lidar com grandes equipes e que podemos sim contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária”, comemora.
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) é outro órgão estadual que conta com várias engenheiras no quadro de pessoal. São 23 mulheres, entre as várias especialidades da engenharia. Destas, seis delas ocupam cargos de chefia. A engenheira sanitarista Janete Piauhy, por exemplo, é gestora de obras na Diretoria de Expansão e Tecnologia da Cosanpa, trabalha há 28 anos no órgão.
“Sempre coordenei uma equipe formada por engenheiros fiscais de obras em que a maioria é homem, mas em todo esse tempo, procurei executar o meu trabalho com sabedoria, responsabilidade, humildade e principalmente respeito. Assim fui conquistando o meu espaço nesse mundo, onde a predominância masculina ainda é muito forte. O caminho foi árduo e de muita luta, mas foi gratificante. Hoje, me sinto realizada profissionalmente e grata à Cosanpa por ter me dado a oportunidade de mostrar o meu potencial como mulher na engenharia e poder ser exemplo para novas gerações de mulheres ingressarem nessa área”, ressalta Janete.
DADOS – Conforme pesquisa realizada em 2022, pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o Brasil tem 1.036.724 profissionais registrados nos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia do país. Destes, 200.170 mulheres, e 836.554, homens, respectivamente, 19,31% e 80,69%.
“A ocupação de espaços hegemonicamente masculinos por mulheres ainda é pequena, porém se comparamos que no século XX este percentual de quase 20% de engenheiras registradas era muitíssimo inferior, logo, é de extrema importância o aumento da contratação de engenheiras para que a equidade de gênero neste ramo deixe de ser apenas uma questão de justiça social e passe a ser pela valorização da profissional e sua capacidade técnica”, finaliza a engenheira civil Aurilene Gouvêa.
Fonte: Agência Pará
Foto: Divulgação
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