O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comemorou, nesta sexta-feira (31), a autorização condicional que obteve dos Estados Unidos para usar armas entregues por Washington contra alvos em território russo.

Na quinta-feira, um alto funcionário americano revelou que o presidente Joe Biden deu sinal verde para que a Ucrânia use essas armas contra alvos fronteiriços à ex-república soviética, “com fins de contra-ataque na região de Kharkiv”, que enfrenta uma ofensiva russa.

“É um passo adiante em direção ao objetivo (…) de defender o nosso povo que vive nos vilarejos localizados ao longo da fronteira” com a Rússia, afirmou Zelensky durante a terceira cúpula Ucrânia-Europa do Norte em Estocolmo.

As potências ocidentais mostraram seu apoio crescente, sob certas condições, ao uso de suas armas pela Ucrânia contra áreas russas próximas à fronteira.

Após o anúncio dos Estados Unidos, a Alemanha também autorizou a Ucrânia a usar armas alemãs em território russo para se defender contra ataques russos, especialmente em Kharkiv.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, lembrou que a Ucrânia tem o “direito” de se defender com as armas de que dispõe, “incluindo aquelas que lhe entregamos”.

A decisão de Biden é uma reviravolta, pois Washington temia anteriormente que essa autorização levasse a Otan a um conflito direto com a Rússia.

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, disse nesta sexta-feira que seu país continuaria a “adaptar” seu apoio militar à Ucrânia, mantendo sua posição de proibir o uso de suas armas dentro do território russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que “as armas fabricadas nos EUA já estão sendo usadas em tentativas de realizar ataques em território russo”.

Essa é a prova “da extensão do envolvimento dos EUA nesse conflito”, acrescentou.

 

“Escalada”

Na quinta-feira, a Rússia criticou a Otan por lançar “um novo ciclo de escalada”.

No entanto, o secretário-geral da Otan minimizou as ameaças russas de escalada na Ucrânia e afirmou que isso é apenas parte dos “esforços” do “presidente” russo Vladimir Putin para impedir que os aliados da Otan apoiem a Ucrânia.

Stoltenberg lembrou que outros países já apoiaram o uso de armas ocidentais para atacar o solo russo, como a França e o Reino Unido, embora alguns continuem se opondo, como a Itália.

O secretário disse ainda que os aliados da Otan forneceram “aproximadamente 40 bilhões de euros (US$ 43,5 bilhões) por ano em assistência militar à Ucrânia” desde o início da invasão.

“Devemos manter pelo menos esse nível de apoio todos os anos, pelo tempo que for necessário”, disse ele.

Enquanto isso, os ministros das Relações Exteriores do G7, um grupo das sete maiores economias que reúne as principais potências ocidentais e o Japão, disseram nesta sexta-feira que estavam “gravemente preocupados” com a crescente cooperação entre a Rússia e a Coreia do Norte.

“Instamos a RPDC [Coreia do Norte] e a Rússia a cessarem as transferências ilegais de armas”, diz a declaração emitida pela Itália, que preside o G7, e também emitida em nome dos ministros da Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e União Europeia.

 

880 km² conquistados

Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, próxima à fronteira com a Rússia, é alvo quase diário de bombardeios, a maioria proveniente do território russo.

Nas últimas horas, seis pessoas foram mortas na cidade, informaram as autoridades regionais nesta sexta-feira, e 23 ficaram feridas anteriormente.

No momento, a situação na linha de frente não é favorável ao Exército ucraniano, que está enfrentando desgaste e falta de munição.

O ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belorusov, disse que as forças russas tomaram 880 quilômetros quadrados na Ucrânia até agora neste ano, e 28 locais na região de Kharkiv em maio.

Apesar de seu progresso, a Rússia ainda não fez um avanço significativo nessa área.

Em Donetsk, uma região do leste da Ucrânia parcialmente sob o controle de Moscou, quatro pessoas foram mortas e outras duas feridas por bombardeios ucranianos na sexta-feira, de acordo com agências de notícias russas.

 

Fonte: AFP
Foto: Olivier Douliery/AFP