O secretário Especial de Cultura, Mário Frias, faltou nesta terça-feira (30) a uma audiência da Câmara dos Deputados marcada para ele expor suas metas e objetivos à frente do cargo.
A nomeação de Frias foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 19 de junho. Ele tomou posse há uma semana e é o quinto Secretário Especial de Cultura em um ano e meio de governo do presidente Jair Bolsonaro.
A audiência foi realizada por videoconferência, estava marcada para 10h, e foi encerrada às 11h26, sem a presença do secretário. A ausência de Frias incomodou os parlamentares.
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), autor do convite ao secretário, disse que Frias havia confirmado a presença.
“Queria fazer um apelo ao novo secretário de Cultura. A gente já é amigo há mais de 25 anos, que ele comparecesse na sala, que ele viesse”, disse Frota.
“Eu sei que ele está assistindo, porque enviamos o link para ele, faço o apelo para que ele entre aqui para que a gente possa começar o diálogo, tranquilo e democrático. Continuamos esperando o senhor. Já se vão 54 minutos”, acrescentou o deputado.
Apesar dos apelos, Frias não compareceu à videoconferência, o que provocou protestos dos deputados. “Infelizmente o secretário sumiu, desapareceu”, afirmou Frota.
“Infelizmente parece que o secretário não vai comparecer. É lamentável. Demonstra pouco interesse no diálogo com a Câmara dos Deputados “, protestou a deputada Lídice da Mata (PSB-BA).
“Me parece que começa muito mal a sua gestão à frente da secretaria na medida em que não comparece. É um desrespeito. Ele não está aqui reunido conosco como estava acertado”, criticou o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA).
A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o secretário “fugiu da discussão” e mostrou “não ter apreço à democracia”
“Eu começo expressando aqui o meu protesto ao secretário por desprezar e desrespeitar esse poder Legislativo, que desrespeita ao mesmo tempo o conjunto da população brasileira. Precisamos de muita seriedade na secretaria de cultura”, afirmou Kokay
Frias substituiu a atriz Regina Duarte, que ficou menos de três meses no cargo. Ela assumiu após Roberto Alvim ser exonerado por gravar um vídeo com uma paródia ao nazismo.
Frias é ator e tem 48 anos de idade. Iniciou a carreira artística na década de 1990 e ficou conhecido após sua participação no seriado “Malhação”. Atuou também em novelas como “Senhora do Destino”, na qual interpretou um deputado federal.
À frente da Secretaria Especial da Cultura, o ator comandará um orçamento de mais de R$ 366 milhões em 2020.
Questionada pelo G1, a pasta informou, em nota, que Alexandre Frota foi notificado nesta segunda-feira (29) “da impossibilidade de comparecimento do secretário Mário Frias em virtude da incompatibilidade de agenda”.
Porém, até a última atualização desta reportagem, não havia nenhum compromisso na agenda oficial do secretário desta terça-feira.
Procurado pelo G1, o deputado federal rebateu a versão informada pela Secretaria de Cultura e disse não ter sido notificado nem pelos canais oficiais (emails de seu gabinete ou da comissão de Cultura) nem pelo celular.
“Fato é que o secretário, ele marcou conforme eu tenho os prints desde o dia 25 ele está avisado. Ele recebeu o link hoje pela manhã. Visualizou o link. Eu inclusive falei com ele. Mandei um recado avisando que estava tudo pronto, que estávamos no ar, e ele simplesmente sumiu. A cultura ela não nos notificou”, disse Frota ao G1.
O G1 também questionou a Secretaria de Cultura sobre qual compromisso impossibilitou Mário Frias de participar da reunião e por qual meio a pasta teria notificado o deputado Alexandre Frota e aguarda uma resposta.
Auxílio para artistas
Bolsonaro sancionou nesta segunda-feira (29) o projeto de lei aprovado na Câmara e no Senado que prevê a destinação de R$ 3 bilhões para o setor cultural.
Segundo o projeto, de autoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), o objetivo é ajudar profissionais da área e os espaços que organizam manifestações artísticas que, em razão da pandemia do novo coronavírus, foram obrigados a suspender os trabalhos.
O texto aprovado pelo Congresso define que caberá à União repassar, em parcela única, os R$ 3 bilhões a estados e municípios.
O projeto prevê ainda o pagamento de três parcelas de R$ 600 para os artistas informais, a exemplo do auxílio emergencial pago a trabalhadores informais. O setor emprega mais de 5 milhões de pessoas.
Fonte: G1.com
Foto: Roberto Castro/MTur
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